
Nem toda africana usa turbante
:
ANGELA BRITOCASA DE CRIADORES
Verão 2019
—
(Antes de começar, um parênteses: quantas estilistas mulheres & negras você tem visto na passarela brasileira ultimamente? Onde elas estão? E pq ainda estamos ignorando esse assunto? Ou só ficar feliz pelo Virgil Abloh já basta?)
Novata na Casa de Criadores, Angela Brito é uma cabo-verdiana radicada no Rio que tem sua marca há quatro anos. Figura interessantíssima, ajuda a a uma quebra de hegemonia que a moda deveria se esforçar mais para realizar. Conversar com ela dá um gosto de gente que tem afeto pelo que faz.
Ela aponta um assunto interessante ao descrever sua coleção, o tal sentimento de não-pertencimento. Como migrante, naturalmente, ela deve sentir na pele essa historia. Mas mais curioso é vê-la contar que, em visita ao seu arquipélago natal, ela também sentiu isso por lá - e fazer essa ligação com o fato de estar em uma ilha, cercada por oceanos, coberta pela ventania marítima, como um lugar que, na verdade, seria um não-lugar. E que quem mora ali, ao mesmo tempo, não a pertence.
Novata na Casa de Criadores, Angela Brito é uma cabo-verdiana radicada no Rio que tem sua marca há quatro anos. Figura interessantíssima, ajuda a a uma quebra de hegemonia que a moda deveria se esforçar mais para realizar. Conversar com ela dá um gosto de gente que tem afeto pelo que faz.
Ela aponta um assunto interessante ao descrever sua coleção, o tal sentimento de não-pertencimento. Como migrante, naturalmente, ela deve sentir na pele essa historia. Mas mais curioso é vê-la contar que, em visita ao seu arquipélago natal, ela também sentiu isso por lá - e fazer essa ligação com o fato de estar em uma ilha, cercada por oceanos, coberta pela ventania marítima, como um lugar que, na verdade, seria um não-lugar. E que quem mora ali, ao mesmo tempo, não a pertence.
Dessas reflexões ela mostra uma coleção leve e elegante, apostando em recortes e drapeados em tons lavados (tirando um coral aqui, um royal acolá). A moça é minimal, mas não é sisuda. Tem muita pele à mostra, sob tecidos leves e natural que acompanham bem a temática e a vibe de eterno verão de Cabo Verde (e aqui estou acreditando nela, já que não conheço esse canto luso da África).
Bem humorada, Angela também se coloca a pensar em peças multiuso que aparecem sobrepostas no styling - como uma regata de seda que pode ser usada de cabeça para baixo, transformado-se em algo completamente diferente.
Bem humorada, Angela também se coloca a pensar em peças multiuso que aparecem sobrepostas no styling - como uma regata de seda que pode ser usada de cabeça para baixo, transformado-se em algo completamente diferente.
Só temos a ganhar com a presença por aqui de alguém completamente fora do núcleo que comanda as passarelas brasileiras (aka a classe média de São Paulo).
E ainda mais com as origens de Angela, que a fazem questionar nossos clichês internos e manda: “tenho vontades de desmitificar essa imagem de moda africana, de turbantes coloridos. Nós também estamos em 2018 por lá, sabe?”.
Touché.
E ainda mais com as origens de Angela, que a fazem questionar nossos clichês internos e manda: “tenho vontades de desmitificar essa imagem de moda africana, de turbantes coloridos. Nós também estamos em 2018 por lá, sabe?”.
Touché.
