Mark

O poder das divas plurais
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KEN-GÁ BITCHWEAR
CASA DE CRIADORES
Verão 2019


Se tem uma imagem que ficou da estreia da Ken-Gá Bitchwear na Casa de Criadores foi o final, com Valeska Reis caminhando sob silêncio para a saída da passarela, o corpo nu pintado em vermelho e coberto por um imenso colar que tilintava a cada passo enquanto a luz se apagava.

O colar em questão não era mundano: veio direto do acervo de Elke Maravilha, construído com pingentes e patuás amealhados por ela pelo mundo durante quase 40 anos. Como a figura de Elke, a peça carrega um significado espiritual poderoso - que fica mais forte ainda dentro do contexto.

Com um ano de corre, a Ken-Gá construiu um cantinho bem específico na moda indie nacional. Faz parte da luta pelo empoderamento feminino mas com bom humor (bom, com esse nome…), prega a liberdade das loucuras individuais e tem o respeito máximo pela diversidade de corpos, fazendo roupas que vão até o tamanho da pessoa que se dispuser a vestir.





Agência Fotosite
As expectativas aqui, então, eram altas. A dupla Livia Barros e Janaina Azevedo já tinham armado um desfile/performance ostentação no finado bar Lourdes em 2017 - reunindo elenco de amigos da noite e fazendo ecoar os primeiros desfiles da Neon, mas com a antipose que os tempos atuais pedem.

Para este desfile “oficial”, a marca cercou-se de simbologias femininas & feministas, como é do seu core. E com uma vagina escavada numa saia de tule, como se Viktor & Rolf fossem mulheres interessantes, deram início à sua história por cá.

Elas não se prendem muito a um estilo, é fato. Complicado explicar o conceito de “bitchwear” sem usar as definições do momento que a marca mesmo usa para se explicar: “tombar” e “lacrar”.

Apesar de ser menos performático do que o anterior, também não é um desfile focado nas roupas. Tudo muito bem construído, mas a discussão aqui é sobre vibrações (daí o colar da Elke novamente): as forças ancestrais que representam as figuras de deusas femininas, a aceitação da força que vem de dentro, o amor próprio na frente do espelho. Do “ser mulher”, seja lá se isso foi um acaso biológico definido ou uma ressignificação feita mais tarde.
Agência Fotosite
É daí que saem uma sequência de looks tão plurais como trenchs transparentes, casacos de pelúcia, metalizados bordados, macacões colados e tules rebordados. A tal vibração é tão autêntica que vale tudo e tudo bem.

É divertido, é vogueing, é inclusivo, é lacrativo (vá lá, se você não tiver bode dessa expressão). Mas, mais do que tudo, é política pura.
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31.07.2017


CASA DE CRIADORES . VERÃO 2019



Isaac Silva
Neriage
Igor Dadona
Heloisa Faria
Rober Dognani
Diego Fávaro
Brechó Replay
D-Aura
Fernando Cozendey
Weider Silveiro
Ken-Gá Bitchwear
Felipe Fanaia

Också
Renata Buzzo
Rocio Canvas
Angela Brito
Martins, Tom
Saint Studio

Another Place
Alex Kazuo
Rafael Caetano

Caroline Funke
Ale Brito
Cajá