
Protesto pela humanidade
:
WEIDER SILVEIROCASA DE CRIADORES
Verão 2019
—
Weider Silveiro mora e trabalha na região central de São Paulo e, por isso, tem contato diário com um problema social bem sério (e pouco falado) desta cidade: a crescente população LGBTQI em situação de rua - especialmente transexuais.
Com forte concentração na região central, essa parcela da sociedade tem sua situação invisibilizada pelo censo oficial da prefeitura, pelo preconceito da população local e, até, pela fatia heterossexual do grupo com que divide o espaço público.
Foi de olho nessa questão que Weider resolveu trazer o tema para a passarela. Depois de fazer um primeiro desfile de verão de pegada comercial no Dragão Fashion, em Fortaleza, a apresentação da Casa de Criadores foi um protesto poético para tentar dar luz ao assunto.
“Mesmo sabendo que não é uma situação ideal, como seria a moda para as pessoas que estão nessa situação? Que precisam carregar todos os seus pertences durante o dia e guardá-los durante a noite?”, foi o ponto de partida - o que explica a sequência de looks utilitários.
Com forte concentração na região central, essa parcela da sociedade tem sua situação invisibilizada pelo censo oficial da prefeitura, pelo preconceito da população local e, até, pela fatia heterossexual do grupo com que divide o espaço público.
Foi de olho nessa questão que Weider resolveu trazer o tema para a passarela. Depois de fazer um primeiro desfile de verão de pegada comercial no Dragão Fashion, em Fortaleza, a apresentação da Casa de Criadores foi um protesto poético para tentar dar luz ao assunto.
“Mesmo sabendo que não é uma situação ideal, como seria a moda para as pessoas que estão nessa situação? Que precisam carregar todos os seus pertences durante o dia e guardá-los durante a noite?”, foi o ponto de partida - o que explica a sequência de looks utilitários.
Sensível, Weider tem noção que, mesmo ignoradas pelo sistema, todas essas figuras mantém dentro de si um desejo estético e um estilo próprio - e não com pouca frequência, se esforçam para manter a sanidade através das roupas.
Daí que parte sua interpretação, como se cada entrada carregasse a personalidade do seu personagem - a fashionista, a roqueira, a minimal e a estampadona, a superfeminina e a guerreira de rua.
É difícil mensurar a capacidade que a passarela tem de resolver problemas tão reais assim, de manter a comoção após os desfiles finais. Mas Weider mostra saber que essa estética tem muito de política, e se conseguir um microrresultado que seja, é uma briga boa a se comprar.
Daí que parte sua interpretação, como se cada entrada carregasse a personalidade do seu personagem - a fashionista, a roqueira, a minimal e a estampadona, a superfeminina e a guerreira de rua.
É difícil mensurar a capacidade que a passarela tem de resolver problemas tão reais assim, de manter a comoção após os desfiles finais. Mas Weider mostra saber que essa estética tem muito de política, e se conseguir um microrresultado que seja, é uma briga boa a se comprar.