Mark

Oi, lembra dos emos?
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FELIPE FANAIA
CASA DE CRIADORES
Verão 2019





Estava demorando para o EMO reaparecer na passarela, né? Estamos tanto pensando na moda da virada dos 1990 pros 2000, na Britney de jeans, no retorno da Paris Hilton, até no bumster do McQueen… mas insistimos em deixar o emo na lembrança afetiva.

Quando se organizou no Brasil e encheu de adolescentes a esquina da Paulista com a Augusta, o movimento emocore se tornou logo motivo de chacota - seja pelos uniformes característicos, seja pela franjas mal alisadas, seja pelas letras das bandas que gritavam seus sentimentos em português. Era o “começo da internet” também e, para quem era mais velho, escorraçar miguxos no Orkut era força de lei.

Mas para quem era teen de verdade, o emo todo foi uma grande força muito válida de descobertas. Era o canto de cisne do rock como movimento forte e deu a uma geração de adolescentes de classe média baixa a última chance de se tornar parte de uma tribo urbana e se desenvolver ali dentro.

Felipe Fanaia, obviamente, era um deles. E conta que foi dentro do movimento emo que engrenou sua vida, saiu do armário oficialmente, aprendeu a lidar com o bullying eterno de que aquela gente era alvo diariamente.

Pois então já é hora de falar com nostalgia de 2005? Talvez (socorro), mas não aqui. Felipe é debochado o suficiente para não levar isso tão a sério, e prefere armar um fervinho na passarela que reflita algo que fez tão parte da sua vida - e lidar com o mau humor de quem continua achando o emo uma grande bobagem, coitados.

Agência Fotosite
Estão lá todos os códigos da época: o preto, o quadriculado, as calças justas cheias de cintos, os moletons oversized, a confusão imensa de referências - que eram roubadas já do punk, do grunge, de tantos outros movimentos que desembocaram nesse último.
Agência Fotosite
Nem por isso o baile de Fanaia deixa de ter produtos para alimentar o e-commerce recente da Das Haus: as boas estampas, as camisetas debochadas, as capas fashionistas, as calças volumosas reajustadas com velcro e as pochetonas da Jambu. Tem até uma ironiquíssima jaqueta de franjas (grito), remetendo ao cabelo da época - meio que como se Margiela tivesse nascido em Sapopemba em 1990 e bebido muito vinho Chapinha na adolescência.
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A gente sabe que o emo, de alguma forma, vai voltar. Essas coisas sempre voltam depois de vinte anos, certo?

Mas, afiadíssimo, Fanaia já sabe que o rock está morto e quem ocupa esse lugar é o rap. E acerta forte ao colocar os boys da Quebrada Queer para fazer esse contraponto, cantando ao vivo na trilha sonora.

Se aquele emo foi importante para a geração do estilista bater de frente contra a homofobia roqueira, o hip hop corajoso bem bicha e antimachista dos anos 2010 está fazendo o mesmo papel para uma geração de novinhos.
Ricardo Toscani

!

31.07.2017


CASA DE CRIADORES . VERÃO 2019



Isaac Silva
Neriage
Igor Dadona
Heloisa Faria
Rober Dognani
Diego Fávaro
Brechó Replay
D-Aura
Fernando Cozendey
Weider Silveiro
Ken-Gá Bitchwear
Felipe Fanaia

Också
Renata Buzzo
Rocio Canvas
Angela Brito
Martins, Tom
Saint Studio

Another Place
Alex Kazuo
Rafael Caetano

Caroline Funke
Ale Brito
Cajá